terça-feira, 3 de julho de 2007

O Domingo e o Plano

Sempre fui uma mulher exigente comigo. Não sei se é genético, se foi minha educação, se é individual, se é uma condição da nossa sociedade consumista e capitalista que nos bombardeia com a liberdade de sempre ser a melhor das melhores. Enfim, toda essa coisa de competição masculina que se generalizou e invadiu toda a sociedade. O fato é que essa condição se internalizou em mim. Nunca precisei do meu chefe, Sr. Cláudio, me cobrar, sempre fiz isso por mim mesma, aliás, melhor que ele. Afinal, meu chefe é um bundão, nojento, chauvinista e asqueroso, se ele não fosse homem e amigo do Dr. Carlos com certeza não estaria ocupando aquela cadeira. Nunca tive muita pretensão de ocupar seu lugar, mas confesso que sempre tive a convicção que desempenharia a função bem melhor que ele. É isso que sempre me irritou nessa sociedade machista, ter capacidade, potencialidade e não ter oportunidades iguais. Não se trata de ambição, mas de reconhecimento. Talvez por isso essa exigência comigo, que, de acordo com minha terapeuta, é o que provoca minhas neuroses. Mas se o preço do reconhecimento é ser neurótica... que se foda! Hoje resolvi pagar o preço que for. A partir de amanha não compactuarei mais com os erros do Sr. Cláudio, não serei mais sua dócil empregadinha que faz tudo e ainda tem que sorrir, e não permitirei mais que ele fique olhando para o meu decote. Velho safado, só quero ver a cara dele quando perceber que uma mulher é bem melhor que ele e mais gostosa. Deve ser esse o problema dos homens, eles gostariam de ser bonitos e cheirosos e elegantes e atraentes e gostosos como nós. Mas nunca conseguirão sempre mijarão para fora do vaso, sempre terão barba por fazer. Ah, mas isso até que é bonito. Dar um ar de masculinidade, de algo vem e me pega com força e com prazer. Será que um dia ele vai ser meu? Como ele consegue ser tão charmoso? Aquela barba, aquele terno, aquele tórax acolhedor e aconchegante. E o sorriso? Nem me fale. Pena que é o chefe do meu chefe e ficaria estranho agora eu seduzi-lo, diriam que foi para subir de cargo e isso eu não suportaria. Só de pensar nisso já fico irritada comigo e me sentindo uma traidora das mulheres-que-sabem-o-que-quer. Odeio quando ouço: ah, fulana só conseguiu emprego por que tinha um caso com o chefe. Outra coisa que também odeio é o ditado: por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher. Vai a merda! Porque tem que ser atrás? Não pode ser pelo menos ao lado? E outra, grandes homens sempre são grandes machistas, isto significa que a grande mulher é sempre uma grande mulher submissa. Caso contrário não estariam atrás no mínimo ao lado e no máximo de frente. Batendo! Ah, Sr. Cláudio, amanha eu te pego!

Um comentário:

Paulis disse...

Ai fiquei neurótica com essa mulher, odiei... Rs rs rs Coisa de outra mulher, que papinho de mulherzinha burra- gostosa, que se acha crítica, ai minha nossa... além de tudo parece que no fundo, quer ser mesmo submissa e cair de cima do chefe do seu chefe, mas tem medo das feministas, cai logo, e de boca! Posso falar que neuroticamente eu gostei de vc, uma mulher que posso chingar, sem maiores prejuízos...kkkkkkkk