terça-feira, 10 de junho de 2014

Um nova esperança para uma velha dor

Tenho passado maus momentos. Tudo parece confuso e sem saída. E o pior é dentro de mim, mas há de surgir uma luz no fim do túnel. Pelo menos esse ditado me conforta. Dizem que a esperança e a última que morre, na verdade a esperança é sádica. Fica até o final e durante todo o percurso fica só contemplando o sofrimento de seu esperado. Mas não tem jeito, nesses tempos difíceis, o que me resta é esperar. Mas não adianta ficar aqui filosofando e praguejando a esperança, o que resta é a ditadura da vida. Temos que viver. Nem coragem para me matar eu tenho. Minhas pseudo-convicções espirituais não permitem tal ato. Por isso, vamos lá! Não dá pra ficar romantizando a morte e o suicídio. Um dia a Amanda disse que eu fazia suicídios poéticos. Na ocasião eu estava lhe contando de como planejei minha morte. Ela riu, acreditam? Era subir em uma árvore, colocar uma forca, tomar muitos soníferos e dormir. Ao dormir meu corpo cairia e com seu peso eu me enforcaria. Achei tão bonitinho e romântico. Enfim, ela deve ter razão, tudo não passa de um suicídio poético e para ser poesia precisa que eu esteja viva para escrever, por isso, uma morte impossibilitada. Mas esses momentos me afligem e eu acabo surtando. Talvez uma forma de matar a situação pela qual estou passando. E quando reabro os olhos e venho escrever parece que sempre preciso recomeçar, mas para esse recomeço sempre preciso reler o que passou e tentar me reatualizar com um novo olhar, um novo paradigma. É assim que me sinto hoje. Um novo olhar, um novo paradigma. Mas esse novo também traz algo do velho. De um lado vejo a imagem de minha infância, correndo por um jardim florido, brincando de esconde-esconde com minhas duas melhores amigas. A Pri, a mesma que hoje continua minha amiga, já demonstrava seus ares questionadores perguntando porque devia se esconder se não havia feito nada de errado. Do outro lado, o novo olhar enxerga que hoje tenho que constantemente me esconder de patrulhas ideológicas, vejo o quanto é difícil ser eu mesma sem toli alguém, o quanto é difícil crescer junto, sem corporativismo, sem artimanhas, sem manobras jurídicas e/ou políticas. Digo isso pois após minha demissão do escritório, muita coisa se passou e muita coisa aprendi. Primeiro que fiquei estudando para concurso público e passei. No ano de 2011 entrei em um órgão que atua com assistência jurídica para pessoas que não tem condições de pagar um advogado. Aprendi muito lá. Aprendi muito com o contato com a população usuária, seus desafios, suas lutas diárias e de como a vida tem se tornado difícil para os trabalhadores em geral. Aprendi também muito sobre análise documental, seus componentes e seus correspondentes com a vida material, mas sempre em um perspectiva individual. A esses aprendizados também fiquei bastante triste em ver as dificuldades da população. E sobretudo, por sentir que enquanto sujeitos históricos individuais estão submetidos a processos sociais que nem imaginam o quanto determinam suas vidas e as deixam mais miseráveis. No último ano me senti bem frustrado em perceber os limites profissionais frente a essas determinações.
Fiz duas novas amigas em meu novo trabalho. A Fabinilda e a Cristina. Fabinilda é um tratamento carinhoso. Ambas são ótimas, a Fabinilda tem cabelo vermelho, é exótica, guerreira e sensível. A Cris é oriental, centrada, perspicaz e inteligente. É claro que essas são características sob o meu ponto de vista e que não as definem, afinal, são como todo e qualquer ser humano, cheio de virtudes e defeitos também. Aliás, a sensibilidade da Fabinilda é às vezes exagerada e ela sofre muito com isso. E a perspicácia e inteligência juntas na Cris, às vezes a torna um pouco chata. O sofrimento da Fabinilda a gente acolhe, e a chatice da Cri é bem tranquilha. Um detalhe interessante, a Cris quando bebe fica bem vermelha e engraçadinha e a Fabi mais sensível ainda. Quando saberem disso ficarão bravas comigo. São coisas da vida de uma escritora. Tenho me divertido com essas duas. E ambas já me apresentaram muitas coisas boas desta cidade. A primeira foi o samba do Serenô no clube 13 de maio. Ótimo! Excelente! E a segunda foi o Trio Quintina no Empória São Francisco. Ótimo! Excelente! Mas o principal que me apresentaram foi o João. Ai, meu Deus! Que homem! Sensível, inteligente, carinhoso, envolvente, uma fala mansa, um jeito introspectivo que me derreteu, um olhar penetrante. Mas calma, essas são as características depois de um ano de casamento. Isso, eu me casei com o João. Ele é .... ah, calma. Vou tentar descrever um pouco de nossa história aqui.