sábado, 11 de agosto de 2007
Velhas novidades
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Um é ruim, será que dois é bom?
sábado, 7 de julho de 2007
Quinta no vinho
terça-feira, 3 de julho de 2007
E segunda chegou e se foi
Vocês não acreditam. Hoje acordei toda animada, coloquei meu melhor terninho, me maquiei, sem muitos exageros claro, apenas para realçar, e quando chego no trabalho tenho a notícia que o Sr. Cláudio teve um infarto no final de semana. Até fiquei com dó, coitado. Eu só queria ocupar meu espaço nesse escritório, não precisava que ele sofresse assim. Não devia ter falado mal dele. Ai, porque sou assim? Até ontem ele era meu pior inimigo, agora fico compadecida pela situação. Só espero que ele melhore, pois caso contrário como vou dar prosseguimento no meu plano.
Por causa dessa situação o Dr. Carlos acabou ficando mais perto de mim. Ele sempre delegou poderes ao Sr. Cláudio e hoje teve que participar mais do trabalho. Inicialmente tentei controlar minha admiração por ele, mas acabei dando bandeira quando ele pediu para que ele levasse a petição do Sr. Costa para ele ver. Assim que ele me pediu para sentar acabei derrubando os documentos no chão. Também, precisava dar aquele sorriso, mas acho que ele não percebeu. Ou deve estar acostumado a desconcertar as mulheres em sua presença. É claro que me recompus imediatamente e justifiquei que estava preocupada com o Sr. Cláudio. De fato estava, mas não no sentido que ele entendeu. Disse que era uma fatalidade o ocorrido, começou a elogiá-lo, dizendo que era um bom homem, um bom marido, um bom pai e um bom profissional. Minha vontade foi falar tudo, relatar todos os erros do Sr. Cláudio no trabalho e que tenho que concertar, que ele subjuga sua esposa e fica cantando sua secretária e que nem ouve seus filhos. Não consigo entender como o Dr. Carlos, um homem tão inteligente, não vê essas coisas, deve ser o corporativismo masculino. Ou será que ele é ingênuo nessas coisas? É, deve ser ingenuidade, ele não tem cara de ser corporativista.
Obs: Acabei não explicando direito a razão deste diário. Tenho o hábito de escrever sobre os acontecimento da minha vida desde os 16 anos quando dei meu primeiro beijo. Adoro ver e rever o que escrevo e perceber o que mudei e o que não mudei. A Priscila, uma grande amiga feminista, me criticou por colocar o título de Neurótica e Romântica. Disse que estou reforçando uma visão machista sobre as mulheres. Até pensei em modificar, mas essa não foi a intenção. Sobre ser neurótica acredito que é uma condição da atual sociedade e não simplesmente pelo fato de ser mulher. Aliás, hoje vejo mais homens neuróticos que mulheres. Minha intenção é exatamente mostrar isso, que embora as mulheres sejam taxadas e muitas vezes são mesmo, não se trata de uma condição especifica de ser mulher. E pra ser sincera não vejo nenhum problema em ter neuroses, eu até gosto de algumas delas. Outras realmente gostaria de mudar, mas só com o tempo e com algumas seções de terapia. Se ser mulher também é ser neurótica, não vejo nenhum problema nisso. Acredito que o problema é separar e atribuir esse comportamento somente as mulheres. Isso não aceito mesmo. Agora sobre o Romântica, nem preciso falar muito. Algumas mulheres, inclusive a Priscila, diz que ser romântica é sinônimo de fraqueza, que temos que controlar nossas emoções e nos mostrarmos sempre forte. Até concordo em certo ponto, porque é só mostrar algum sinal de fraqueza que os homens se aproveitam. Mas a sociedade anda tão cética, racionalista, metódica, mecânica que um pouco de romantismo acredito que não faz mal. Acabar com o romantismo significa a prevalência do ponto de vista masculino. É claro que Romântica aqui não significa ser ingênua, submissa, mas compartilhar sonhos. E porque não compartilhar também com os homens, esses seres tão frágeis.
O Domingo e o Plano
Sempre fui uma mulher exigente comigo. Não sei se é genético, se foi minha educação, se é individual, se é uma condição da nossa sociedade consumista e capitalista que nos bombardeia com a liberdade de sempre ser a melhor das melhores. Enfim, toda essa coisa de competição masculina que se generalizou e invadiu toda a sociedade. O fato é que essa condição se internalizou em mim. Nunca precisei do meu chefe, Sr. Cláudio, me cobrar, sempre fiz isso por mim mesma, aliás, melhor que ele. Afinal, meu chefe é um bundão, nojento, chauvinista e asqueroso, se ele não fosse homem e amigo do Dr. Carlos com certeza não estaria ocupando aquela cadeira. Nunca tive muita pretensão de ocupar seu lugar, mas confesso que sempre tive a convicção que desempenharia a função bem melhor que ele. É isso que sempre me irritou nessa sociedade machista, ter capacidade, potencialidade e não ter oportunidades iguais. Não se trata de ambição, mas de reconhecimento. Talvez por isso essa exigência comigo, que, de acordo com minha terapeuta, é o que provoca minhas neuroses. Mas se o preço do reconhecimento é ser neurótica... que se foda! Hoje resolvi pagar o preço que for. A partir de amanha não compactuarei mais com os erros do Sr. Cláudio, não serei mais sua dócil empregadinha que faz tudo e ainda tem que sorrir, e não permitirei mais que ele fique olhando para o meu decote. Velho safado, só quero ver a cara dele quando perceber que uma mulher é bem melhor que ele e mais gostosa. Deve ser esse o problema dos homens, eles gostariam de ser bonitos e cheirosos e elegantes e atraentes e gostosos como nós. Mas nunca conseguirão sempre mijarão para fora do vaso, sempre terão barba por fazer. Ah, mas isso até que é bonito. Dar um ar de masculinidade, de algo vem e me pega com força e com prazer. Será que um dia ele vai ser meu? Como ele consegue ser tão charmoso? Aquela barba, aquele terno, aquele tórax acolhedor e aconchegante. E o sorriso? Nem me fale. Pena que é o chefe do meu chefe e ficaria estranho agora eu seduzi-lo, diriam que foi para subir de cargo e isso eu não suportaria. Só de pensar nisso já fico irritada comigo e me sentindo uma traidora das mulheres-que-sabem-o-que-quer. Odeio quando ouço: ah, fulana só conseguiu emprego por que tinha um caso com o chefe. Outra coisa que também odeio é o ditado: por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher. Vai a merda! Porque tem que ser atrás? Não pode ser pelo menos ao lado? E outra, grandes homens sempre são grandes machistas, isto significa que a grande mulher é sempre uma grande mulher submissa. Caso contrário não estariam atrás no mínimo ao lado e no máximo de frente. Batendo! Ah, Sr. Cláudio, amanha eu te pego!