terça-feira, 3 de julho de 2007

E segunda chegou e se foi

Vocês não acreditam. Hoje acordei toda animada, coloquei meu melhor terninho, me maquiei, sem muitos exageros claro, apenas para realçar, e quando chego no trabalho tenho a notícia que o Sr. Cláudio teve um infarto no final de semana. Até fiquei com dó, coitado. Eu só queria ocupar meu espaço nesse escritório, não precisava que ele sofresse assim. Não devia ter falado mal dele. Ai, porque sou assim? Até ontem ele era meu pior inimigo, agora fico compadecida pela situação. Só espero que ele melhore, pois caso contrário como vou dar prosseguimento no meu plano.

Por causa dessa situação o Dr. Carlos acabou ficando mais perto de mim. Ele sempre delegou poderes ao Sr. Cláudio e hoje teve que participar mais do trabalho. Inicialmente tentei controlar minha admiração por ele, mas acabei dando bandeira quando ele pediu para que ele levasse a petição do Sr. Costa para ele ver. Assim que ele me pediu para sentar acabei derrubando os documentos no chão. Também, precisava dar aquele sorriso, mas acho que ele não percebeu. Ou deve estar acostumado a desconcertar as mulheres em sua presença. É claro que me recompus imediatamente e justifiquei que estava preocupada com o Sr. Cláudio. De fato estava, mas não no sentido que ele entendeu. Disse que era uma fatalidade o ocorrido, começou a elogiá-lo, dizendo que era um bom homem, um bom marido, um bom pai e um bom profissional. Minha vontade foi falar tudo, relatar todos os erros do Sr. Cláudio no trabalho e que tenho que concertar, que ele subjuga sua esposa e fica cantando sua secretária e que nem ouve seus filhos. Não consigo entender como o Dr. Carlos, um homem tão inteligente, não vê essas coisas, deve ser o corporativismo masculino. Ou será que ele é ingênuo nessas coisas? É, deve ser ingenuidade, ele não tem cara de ser corporativista.

Obs: Acabei não explicando direito a razão deste diário. Tenho o hábito de escrever sobre os acontecimento da minha vida desde os 16 anos quando dei meu primeiro beijo. Adoro ver e rever o que escrevo e perceber o que mudei e o que não mudei. A Priscila, uma grande amiga feminista, me criticou por colocar o título de Neurótica e Romântica. Disse que estou reforçando uma visão machista sobre as mulheres. Até pensei em modificar, mas essa não foi a intenção. Sobre ser neurótica acredito que é uma condição da atual sociedade e não simplesmente pelo fato de ser mulher. Aliás, hoje vejo mais homens neuróticos que mulheres. Minha intenção é exatamente mostrar isso, que embora as mulheres sejam taxadas e muitas vezes são mesmo, não se trata de uma condição especifica de ser mulher. E pra ser sincera não vejo nenhum problema em ter neuroses, eu até gosto de algumas delas. Outras realmente gostaria de mudar, mas só com o tempo e com algumas seções de terapia. Se ser mulher também é ser neurótica, não vejo nenhum problema nisso. Acredito que o problema é separar e atribuir esse comportamento somente as mulheres. Isso não aceito mesmo. Agora sobre o Romântica, nem preciso falar muito. Algumas mulheres, inclusive a Priscila, diz que ser romântica é sinônimo de fraqueza, que temos que controlar nossas emoções e nos mostrarmos sempre forte. Até concordo em certo ponto, porque é só mostrar algum sinal de fraqueza que os homens se aproveitam. Mas a sociedade anda tão cética, racionalista, metódica, mecânica que um pouco de romantismo acredito que não faz mal. Acabar com o romantismo significa a prevalência do ponto de vista masculino. É claro que Romântica aqui não significa ser ingênua, submissa, mas compartilhar sonhos. E porque não compartilhar também com os homens, esses seres tão frágeis.

Um comentário:

Paulis disse...

homens seres frágeis? Hum vá-la...sem comentários! Quanto a explicação do lado romântico... muito bom...gostei!