Fiz duas novas amigas em meu novo trabalho. A Fabinilda e a Cristina. Fabinilda é um tratamento carinhoso. Ambas são ótimas, a Fabinilda tem cabelo vermelho, é exótica, guerreira e sensível. A Cris é oriental, centrada, perspicaz e inteligente. É claro que essas são características sob o meu ponto de vista e que não as definem, afinal, são como todo e qualquer ser humano, cheio de virtudes e defeitos também. Aliás, a sensibilidade da Fabinilda é às vezes exagerada e ela sofre muito com isso. E a perspicácia e inteligência juntas na Cris, às vezes a torna um pouco chata. O sofrimento da Fabinilda a gente acolhe, e a chatice da Cri é bem tranquilha. Um detalhe interessante, a Cris quando bebe fica bem vermelha e engraçadinha e a Fabi mais sensível ainda. Quando saberem disso ficarão bravas comigo. São coisas da vida de uma escritora. Tenho me divertido com essas duas. E ambas já me apresentaram muitas coisas boas desta cidade. A primeira foi o samba do Serenô no clube 13 de maio. Ótimo! Excelente! E a segunda foi o Trio Quintina no Empória São Francisco. Ótimo! Excelente! Mas o principal que me apresentaram foi o João. Ai, meu Deus! Que homem! Sensível, inteligente, carinhoso, envolvente, uma fala mansa, um jeito introspectivo que me derreteu, um olhar penetrante. Mas calma, essas são as características depois de um ano de casamento. Isso, eu me casei com o João. Ele é .... ah, calma. Vou tentar descrever um pouco de nossa história aqui.
Neurótica e Romântica
"O homem é um animal que pensa, a mulher é um animal que pensa o contrário"
terça-feira, 10 de junho de 2014
Um nova esperança para uma velha dor
Fiz duas novas amigas em meu novo trabalho. A Fabinilda e a Cristina. Fabinilda é um tratamento carinhoso. Ambas são ótimas, a Fabinilda tem cabelo vermelho, é exótica, guerreira e sensível. A Cris é oriental, centrada, perspicaz e inteligente. É claro que essas são características sob o meu ponto de vista e que não as definem, afinal, são como todo e qualquer ser humano, cheio de virtudes e defeitos também. Aliás, a sensibilidade da Fabinilda é às vezes exagerada e ela sofre muito com isso. E a perspicácia e inteligência juntas na Cris, às vezes a torna um pouco chata. O sofrimento da Fabinilda a gente acolhe, e a chatice da Cri é bem tranquilha. Um detalhe interessante, a Cris quando bebe fica bem vermelha e engraçadinha e a Fabi mais sensível ainda. Quando saberem disso ficarão bravas comigo. São coisas da vida de uma escritora. Tenho me divertido com essas duas. E ambas já me apresentaram muitas coisas boas desta cidade. A primeira foi o samba do Serenô no clube 13 de maio. Ótimo! Excelente! E a segunda foi o Trio Quintina no Empória São Francisco. Ótimo! Excelente! Mas o principal que me apresentaram foi o João. Ai, meu Deus! Que homem! Sensível, inteligente, carinhoso, envolvente, uma fala mansa, um jeito introspectivo que me derreteu, um olhar penetrante. Mas calma, essas são as características depois de um ano de casamento. Isso, eu me casei com o João. Ele é .... ah, calma. Vou tentar descrever um pouco de nossa história aqui.
sábado, 20 de novembro de 2010
Uma luz no fim do túnel
Hoje tive um sonho que me mostrou a realidade, paradoxo não? Um sonho mostrar a realidade, mas enfim, sonhei que estava em um navio que começou a afundar. Em alto mar tinha apenas um barco salva-vidas com o Dr. Carlos. Ele me chamou para entrar no barco e quando me atirei para nadar até ele, o barco já não estava mais lá, nadei horas para encontrar algo até o momento em que me vi sozinha, comecei a afundar, afundar e acordei. Esse sonho me fez ver que aceitar a proposta do Dr. Carlos é a pior das minhas opções, acho que fiz isso ontem por estar abalada ou chocada com a situação, acabei ficando imóvel e não percebi o tamanho da besteira que havia feito, mas como diria no filme Vanila Sky: “todo segundo é uma nova chance para se mudar tudo”. E este é o instante, a vida presente, a realidade. E foram com esses pensamentos que hoje fui trabalhar e com toda sensatez de um arrependimento fui conversar com o Dr. Carlos para pedir minha demissão. Ele, sempre preocupado com a empresa, perguntou se eu tornaria público as suas falcatruas. Disse que não havia pensado sobre isso e no momento certo ele saberia minha decisão. É estranho, tudo isso me mostrou o quanto estava errada e o quanto era ingênua. Errada em planejar minha ascensão na empresa pela derrota de outro e ingênua por achar que isso era lutar pelos meus direitos. Só agora percebo.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Da carência de mudança ao mundo carente.
Já se passou muito tempo depois da última mensagem, e o tempo é cruel na vida de uma mulher. Amores se perdem, oportunidades se vão, mas sempre tem janelas e portas que se abrem dizendo: vem, vem recomeçar, vem experimentar esse doce amargo que é viver. Depois do Cláudio, no amor, me atirei em ilusões que só me fizeram sofrer. Mas de tudo aprendi que nada tem solução, apenas retorno a si. Mas isso conto em outra oportunidade. O que me chama a atenção é minha situação na empresa. O asqueroso do Sr. Cláudio continua no mesmo lugar e cada vez pior, cada vez se deleitando com seu pequeno, mas eficiente poder. Quase todos os dias em que coloco a cabeça no travesseiro, tenho vontade de morrer dormindo. Simplesmente não acordar para trabalhar. Mas o despertador sempre me lembra o dever de enfrentar a vida. Esta vida que em grande parte não escolhi, apenas nasci. Dizem que a vida é tirana, sempre discordei dessa idéia e pensava que nós é que somos tiranos de nossa própria vida, até chegar o dia que a realidade me provou o contrário. Foi uma semana depois de ter planejado o tombo do Sr. Cláudio. Cheguei firme dentro do meu castelo de cartas e mostrei o meu melhor, usei toda minha delicadeza ao colocar a última carta na pilha que se estendia pelos meus planos, mas não contava com o suborno do desejo e tudo caiu num piscar de olhos que nem percebi que na mesa havia mais coisas que a minha vã racionalidade pensou. Havia o corporativismo, o rabo preso e tudo mais que a intimidade não deixou transparecer aos meus olhos ingênuos e sedentos de mudança. Cheguei toda imponente e mostrei tudo para o Dr. Carlos, todos os erros e falcatruas do Sr. Cláudio. E foi nesse momento em que o Dr. Carlos mostrou sua face oculta. Olhou bem nos meus olhos e perguntou: “O que te faz supor que não sei dessas coisas?”. Na hora o espanto não me deixou responder, gaguejei e quando tentei falar ele me interrompeu imediatamente e com pesar disse: “Não diga nada, chame o Sr. Cláudio, volte para sua sala e faça seu serviço, depois conversaremos”. Chamei o Sr. Cláudio e no caminho até minha sala tudo ficou claro como o sol que nasce em uma manhã de inverno. “Que burra, que estúpida, que ingênua. É Vivian nessa você se deu mal, muito mal”. Fiquei esperando concentrada em minha ansiedade por uns quinze minutos, foi quando o Sr. Cláudio apareceu balançando a cabeça com reprovação e com um olhar de pena. Aquele sem dúvida foi o pior momento, porque todo meu plano era atingi-lo e todos os tiros saíram pela culatra, e a culatra foram aqueles olhos. Fui para a sala do Dr. Carlos, pediu para eu me sentasse, respirou fundo e começou a dissertar uma longa introdução sobre os tempos difíceis em que estamos vivendo, sobre a política econômica ou algo parecido. Não prestei muita atenção, não por maldade, mas porque simplesmente não conseguiu esquecer o olhar do Sr. Cláudio. Fiquei imaginando o que ele estava falando para os colegas, o tudo que poderia ter dito para o Dr. Carlos. Estava ouvindo o homem que dias atrás pensava estar apaixonada, mas só conseguia olhar o movimento do pequeno relógio de ponteiros sobre a mesa e pensar no deboche do Sr. Cláudio. Que maldição, pensei. Por alguns instantes veio uma vontade enorme de sair correndo pela porta, dar um tapa na cara do Sr. Cláudio e me libertar de todas aquelas amarras invisíveis que me prendiam naquela cadeira, mas não consegui nem mexer meus braços que estavam sobre minhas pernas. O Dr. Carlos continuava com seu discurso, parecia que agora falava sobre os altos impostos e a dificuldade de concorrer com os grandes empresários da área. Concordava com tudo, sem compreender muito sua linha de raciocínio. Lembro-me que ao ouvir sobre a concorrência pensei na própria concorrência dentro da empresa. Que mundo e este que vivemos? Como conseguir estabelecer qualquer tipo de relação sem ficar com o pé atrás? Percebi que embora criticando toda aquela situação, também fazia parte dela de forma visceral, pois estava competindo com o próprio Sr. Cláudio. Senti repugnância de mim mesma. Tentei me agarrar em minhas razões, mas elas escorregavam em minhas auto-condenações. Não conseguia se esquivar de meus próprios pensamentos. O Dr. Carlos ora se levantava ora andava por detrás de sua mesa ora olhava pra mim para ver se estava prestando atenção. Esses momentos eram como socos em meu útero. Depois de alguns minutos ele finalmente mudou o tom de sua voz, virou-se pra mim e disse: “Srta. Vivian, você é uma boa funcionária, executa tudo com eficiência e precisão e você é quem decide: você é esperta, e como sabe, tudo que me falou a minutos atrás pode nos levar a um escândalo e a empresa não resistiria e chegaria a falência. O que prefere: destruir tudo e todos que te acolheram e deram ensinamentos, experiências e oportunidades, ou continuar colaborando com nossa empresa, trabalhando para o seu bom desempenho e qualidade?”. Eu não acreditava naquilo, não conseguia acreditar que todas aquelas palavras saíram da boca do Dr. Carlos. Minha barriga gelou, minhas mãos estremeceram, minhas pernas enfraqueceram. E completou: “É claro que você não sairá de mãos abanando, conversei com o Sr. Cláudio e decidimos oferecer um aumento de salário para você de 20%. O que me diz?”. Como ele conseguia ser tão frio falando daquela maneira. Toda a coragem que vi dias atrás em meus olhos refletida em meu espelho se dissipou. E tudo que consegui foi concordar. E hoje estou aqui, deitada em minha cama lembrando que amanhã o relógio irá despertar, que terei que levantar, olhar novamente no mesmo espelho e nos meus olhos e sentar na mesma cadeira.
sábado, 11 de agosto de 2007
Velhas novidades
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Um é ruim, será que dois é bom?
sábado, 7 de julho de 2007
Quinta no vinho
terça-feira, 3 de julho de 2007
E segunda chegou e se foi
Vocês não acreditam. Hoje acordei toda animada, coloquei meu melhor terninho, me maquiei, sem muitos exageros claro, apenas para realçar, e quando chego no trabalho tenho a notícia que o Sr. Cláudio teve um infarto no final de semana. Até fiquei com dó, coitado. Eu só queria ocupar meu espaço nesse escritório, não precisava que ele sofresse assim. Não devia ter falado mal dele. Ai, porque sou assim? Até ontem ele era meu pior inimigo, agora fico compadecida pela situação. Só espero que ele melhore, pois caso contrário como vou dar prosseguimento no meu plano.
Por causa dessa situação o Dr. Carlos acabou ficando mais perto de mim. Ele sempre delegou poderes ao Sr. Cláudio e hoje teve que participar mais do trabalho. Inicialmente tentei controlar minha admiração por ele, mas acabei dando bandeira quando ele pediu para que ele levasse a petição do Sr. Costa para ele ver. Assim que ele me pediu para sentar acabei derrubando os documentos no chão. Também, precisava dar aquele sorriso, mas acho que ele não percebeu. Ou deve estar acostumado a desconcertar as mulheres em sua presença. É claro que me recompus imediatamente e justifiquei que estava preocupada com o Sr. Cláudio. De fato estava, mas não no sentido que ele entendeu. Disse que era uma fatalidade o ocorrido, começou a elogiá-lo, dizendo que era um bom homem, um bom marido, um bom pai e um bom profissional. Minha vontade foi falar tudo, relatar todos os erros do Sr. Cláudio no trabalho e que tenho que concertar, que ele subjuga sua esposa e fica cantando sua secretária e que nem ouve seus filhos. Não consigo entender como o Dr. Carlos, um homem tão inteligente, não vê essas coisas, deve ser o corporativismo masculino. Ou será que ele é ingênuo nessas coisas? É, deve ser ingenuidade, ele não tem cara de ser corporativista.
Obs: Acabei não explicando direito a razão deste diário. Tenho o hábito de escrever sobre os acontecimento da minha vida desde os 16 anos quando dei meu primeiro beijo. Adoro ver e rever o que escrevo e perceber o que mudei e o que não mudei. A Priscila, uma grande amiga feminista, me criticou por colocar o título de Neurótica e Romântica. Disse que estou reforçando uma visão machista sobre as mulheres. Até pensei em modificar, mas essa não foi a intenção. Sobre ser neurótica acredito que é uma condição da atual sociedade e não simplesmente pelo fato de ser mulher. Aliás, hoje vejo mais homens neuróticos que mulheres. Minha intenção é exatamente mostrar isso, que embora as mulheres sejam taxadas e muitas vezes são mesmo, não se trata de uma condição especifica de ser mulher. E pra ser sincera não vejo nenhum problema em ter neuroses, eu até gosto de algumas delas. Outras realmente gostaria de mudar, mas só com o tempo e com algumas seções de terapia. Se ser mulher também é ser neurótica, não vejo nenhum problema nisso. Acredito que o problema é separar e atribuir esse comportamento somente as mulheres. Isso não aceito mesmo. Agora sobre o Romântica, nem preciso falar muito. Algumas mulheres, inclusive a Priscila, diz que ser romântica é sinônimo de fraqueza, que temos que controlar nossas emoções e nos mostrarmos sempre forte. Até concordo em certo ponto, porque é só mostrar algum sinal de fraqueza que os homens se aproveitam. Mas a sociedade anda tão cética, racionalista, metódica, mecânica que um pouco de romantismo acredito que não faz mal. Acabar com o romantismo significa a prevalência do ponto de vista masculino. É claro que Romântica aqui não significa ser ingênua, submissa, mas compartilhar sonhos. E porque não compartilhar também com os homens, esses seres tão frágeis.
O Domingo e o Plano
Sempre fui uma mulher exigente comigo. Não sei se é genético, se foi minha educação, se é individual, se é uma condição da nossa sociedade consumista e capitalista que nos bombardeia com a liberdade de sempre ser a melhor das melhores. Enfim, toda essa coisa de competição masculina que se generalizou e invadiu toda a sociedade. O fato é que essa condição se internalizou em mim. Nunca precisei do meu chefe, Sr. Cláudio, me cobrar, sempre fiz isso por mim mesma, aliás, melhor que ele. Afinal, meu chefe é um bundão, nojento, chauvinista e asqueroso, se ele não fosse homem e amigo do Dr. Carlos com certeza não estaria ocupando aquela cadeira. Nunca tive muita pretensão de ocupar seu lugar, mas confesso que sempre tive a convicção que desempenharia a função bem melhor que ele. É isso que sempre me irritou nessa sociedade machista, ter capacidade, potencialidade e não ter oportunidades iguais. Não se trata de ambição, mas de reconhecimento. Talvez por isso essa exigência comigo, que, de acordo com minha terapeuta, é o que provoca minhas neuroses. Mas se o preço do reconhecimento é ser neurótica... que se foda! Hoje resolvi pagar o preço que for. A partir de amanha não compactuarei mais com os erros do Sr. Cláudio, não serei mais sua dócil empregadinha que faz tudo e ainda tem que sorrir, e não permitirei mais que ele fique olhando para o meu decote. Velho safado, só quero ver a cara dele quando perceber que uma mulher é bem melhor que ele e mais gostosa. Deve ser esse o problema dos homens, eles gostariam de ser bonitos e cheirosos e elegantes e atraentes e gostosos como nós. Mas nunca conseguirão sempre mijarão para fora do vaso, sempre terão barba por fazer. Ah, mas isso até que é bonito. Dar um ar de masculinidade, de algo vem e me pega com força e com prazer. Será que um dia ele vai ser meu? Como ele consegue ser tão charmoso? Aquela barba, aquele terno, aquele tórax acolhedor e aconchegante. E o sorriso? Nem me fale. Pena que é o chefe do meu chefe e ficaria estranho agora eu seduzi-lo, diriam que foi para subir de cargo e isso eu não suportaria. Só de pensar nisso já fico irritada comigo e me sentindo uma traidora das mulheres-que-sabem-o-que-quer. Odeio quando ouço: ah, fulana só conseguiu emprego por que tinha um caso com o chefe. Outra coisa que também odeio é o ditado: por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher. Vai a merda! Porque tem que ser atrás? Não pode ser pelo menos ao lado? E outra, grandes homens sempre são grandes machistas, isto significa que a grande mulher é sempre uma grande mulher submissa. Caso contrário não estariam atrás no mínimo ao lado e no máximo de frente. Batendo! Ah, Sr. Cláudio, amanha eu te pego!